Monday, May 21, 2007

um pouco de brasil – suicídio (IV)

Outra bomba sobre um Brasil: o suicídio. Apesar de conhecer pessoas próximas que deram fim à sua própria vida durante à juventude, recusava-me, de forma cega, a enxergar nisso um traço que também tem se feito presente na rotina brasileira. Porque, na visão ‘gringa’ do brasileiro, nós amamos viver, apesar de todas as mazelas nos entregamos ao carnaval, ao futebol e à cachaça, e, assim, vencemos e passamos pelas amarguras. Mas, como disse Vinícius de Moraes, viver dói aos brasileiros, por isso o povo se transborda, e esse transbordamento se dá muito porque a tristeza está sempre por bater na porta dos brasileiros e o povo luta para não se entregar à miséria que a vida tenta lhe impor. Porém descobri que no sul do país a rotina do suicídio existe, e se matar não é um ato covarde. Portanto, mais do que entender sobre o suicídio – talvez a proximidade com essa violência ainda me cegue – posso reforçar a questão da honra, da masculinidade no Brasil. Por debaixo das mortes dos gaúchos grita um direito masculino de querer ser mais forte que a vida, e talvez os brasileiros sejam mais fortes que a vida muitas vezes. A vida que desmorona com as chuvas, que se petrifica na seca, e que nos gaúchos, envelhece. É claro que a resposta de cada brasileiro à dor da vida é uma, uns insistem em vencê-la pela insistência em viver, como é o exemplo dos moradores das favelas, outros, porém, insistem em vencer a vida acabando com ela antes que ela acabe com a dignidade humana, como é o caso dos gaúchos. Essa dignidade significa a juventude, significa ser forte para vencer tudo e todos, e vencer a vida quando ela começa a tomar as rédeas.

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